AUTORA: Helvia Callou
Quantos Sertões hoje existem
Na alma do sertanejo!…
O Sertão do sol ardente
Da lua clara, lampejo
De relâmpago, trovoada,
Da chuva na madrugada,
E o Sertão que eu almejo.
O Sertão que se levanta
No canto da passarada.
Que numa orquestra sinfônica
Faz a sua alvorada.
Com suave melodia
Trazendo a paz para o dia
Que surge na revoada.
O Sertão onde a rolinha
Faz ninho na quixabeira,
E canta ao meio dia
No silêncio da ribeira.
Onde ao longe a seriema,
Solta a voz meiga e serena
Na rama da catingueira.
O Sertão do bem-te-vi
Fazendo festa à tardinha.
Do desafio da casaca
De couro, bem vermelhinha.
Sertão de belo arrebol,
Do canário e rouxinol
Do sabiá, da doidinha.
O Sertão da juriti,
Da asa branca em extinção.
Dos meses de enxurradas
Do nambu e do cancão,
Que não cai em arapuca,
Do borrachudo e mutuca
Naquele taboleirão.
O Sertão onde a enxurrada
Leva a cerca do baixio.
Onde o riacho mansinho
Tem correnteza de rio.
Da lagoa encharcada
Onde à noite a saparada,
Faz seu grande desafio.
O Sertão do sanfoneiro
Que toca numa latada.
Da música regional
Da dançarina afamada
Que dança forobodó
Que as cadeira dão nó
Na sua saia rodada.
Sertão do caboclo forte
Que não tem medo da fome
Enfrenta o sol e a chuva,
Dá carreira em lobisomem.
Que nas asas do progresso
Está fazendo sucesso,
Com a moto e o telefone.
É esses sertões todinhos,
Que vivem dentro de mim.
O Sertão onde vivi
Tem cheiro de alecrim,
Tem gosto de mel de abelha,
Água da bica da telha
Perfumada com jasmim.
poema de uma amiga
Data: 09/03/2011 | De: Francisco Luiz Dias de Souza