poema de uma amiga

Data: 09/03/2011 | De: Francisco Luiz Dias de Souza

AUTORA: Helvia Callou

Quantos Sertões hoje existem

Na alma do sertanejo!…

O Sertão do sol ardente

Da lua clara, lampejo

De relâmpago, trovoada,

Da chuva na madrugada,

E o Sertão que eu almejo.


O Sertão que se levanta

No canto da passarada.

Que numa orquestra sinfônica

Faz a sua alvorada.

Com suave melodia

Trazendo a paz para o dia

Que surge na revoada.


O Sertão onde a rolinha

Faz ninho na quixabeira,

E canta ao meio dia

No silêncio da ribeira.

Onde ao longe a seriema,

Solta a voz meiga e serena

Na rama da catingueira.


O Sertão do bem-te-vi

Fazendo festa à tardinha.

Do desafio da casaca

De couro, bem vermelhinha.

Sertão de belo arrebol,

Do canário e rouxinol

Do sabiá, da doidinha.


O Sertão da juriti,

Da asa branca em extinção.

Dos meses de enxurradas

Do nambu e do cancão,

Que não cai em arapuca,

Do borrachudo e mutuca

Naquele taboleirão.


O Sertão onde a enxurrada

Leva a cerca do baixio.

Onde o riacho mansinho

Tem correnteza de rio.

Da lagoa encharcada

Onde à noite a saparada,

Faz seu grande desafio.


O Sertão do sanfoneiro

Que toca numa latada.

Da música regional

Da dançarina afamada

Que dança forobodó

Que as cadeira dão nó

Na sua saia rodada.


Sertão do caboclo forte

Que não tem medo da fome

Enfrenta o sol e a chuva,

Dá carreira em lobisomem.

Que nas asas do progresso

Está fazendo sucesso,

Com a moto e o telefone.


É esses sertões todinhos,

Que vivem dentro de mim.

O Sertão onde vivi

Tem cheiro de alecrim,

Tem gosto de mel de abelha,

Água da bica da telha

Perfumada com jasmim.

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